Na cidade, enfrento o trânsito
que teima em importunar
o dia-a-dia de quem passa
a pé, ou de carro a buzinar.
Na aldeia, toda a gente se fala
A vizinha conhece-me bem.
E quando preciso de ajuda
ela larga tudo e vem.
Na cidade, acordo tarde
pois dormir cedo não é o lema.
É assim porque à noite
ainda quero ir ao cinema.
Na aldeia, acordo com as galinhas
e milho tenho de lhes deitar,
senão estou feita ao bife,
elas vêm-me picar.
Na cidade o tempo voa
não há tempo para parar.
Se por acaso a roupa destoa
já não há tempo para mudar.
Na aldeia, os animais são o relógio
e o sol o nosso mapa.
A igreja é algo sagrado,
tão sagrada como o Papa.
Na cidade, é diferente.
É o salve-se quem puder.
A fé é ao Domingo
e o resto se Deus quiser.
Na Cidade ou na Aldeia
não interessa se sou feia.
O que interessa é ser feliz,
e ter uma vida à maneira.
Jovita Capitão, Rainha das Insónias.
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