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quinta-feira, 9 de maio de 2013

O meu lugar ideal

Tenho um sonho, eu sonho ser uma grande escritora. Mas o meu percurso de vida por vezes afasta-me para longe dos meus objectivos e deparo-me com novas situações às quais nem sei reagir. Parece que não me encaixo em lado nenhum. Sempre que me olho ao espelho digo: "Hoje é o teu dia de sorte!" Mas ao longo do dia deparo-me com a realidade e os meus pés voltam a pisar terra movediça.Haverá algo mais cruel do que sentir-me incompreendida? Haverá algo pior do que não encontrar o meu lugar neste mundo? Ao meu redor, tudo tem um lugar. E o meu onde fica? No fundo eu até sei onde fica esse lugar ideal. É um lugar cheio de livros, como uma biblioteca por exemplo, com aquele cheirinho característico de livro antigo, ainda com a capa intacta por não ter sido manuseado derivado ao tamanho do calhamaço. E estantes, muitas estantes para guardar tantos livros que se perde a conta. Uma mesa ao fundo, junto à janela com material de escritório, principalmente canetas. Muitas canetas e resmas de folhas de papel brancas, muito limpas, nas quais apetece mergulhar e imaginar a próxima história cheia de personagens coloridos, outros sem cor, infinitas histórias de arrepiar, outras de eterno amor, Príncipes e Princesas, Reis e Rainhas e os seus Palácios e os vilões. Sim, muitos vilões para adocicar as tantas histórias possíveis para aquela folha de papel tão branca a convidar para uma leitura. A sala com um aspecto sóbrio, com meia-luz vinda através da janela imensa escondida pelo enorme reposteiro, que paira na torre lateral de uma casa de campo. sim, e um tapete. Porque todas as boas bibliotecas têm uma tapeçaria no meio da sala. Nem sei por que é assim, mas adoro! Este é o meu mundo, o meu sonho. Isto é o que me alimenta a alma. É o que afugenta os meus pesadelos. É o que dá luz aos meus sonhos. É o que me faz sorrir e que me faz pensar que a vida tem significado. Eu acho que é muito importante fazermos aquilo que mais gostamos. Caso contrário, nada faz sentido. A vida fica vazia e sem cor. E o pior é que sem energia, somos marginalizados. As pessoas reparam que não estamos bem, e põem-nos à margem das oportunidades. Isso faz-nos sentir angustiados, com uma azia mental horripilante, que só nos dá vontade de fugir ao tédio para um refúgio que fica muitas vezes na nossa própria cabeça. Isto faz-me lembrar de quando eu era criança. Os meus brinquedos preferidos eram os livros. Adorava ver a cor de cada página. Folheá-los com muito cuidado para não rasgar aquelas finas folhas de papel. Gostava de me imaginar uma personagem destes e sonhar horas, horas e horas até a minha mãe me chamar para o jantar e cair de novo na realidade.

Jovita Capitão, Rainha das insónias.

4 comentários:

Betto Coutinho disse...

Muito obrigado por seguir meu blog, estou seguindo o seu tmb.
Parabéns pelo excelente blog, li algumas coisas e gostei.
Abraço do Betto. =)

Jovita Capitão disse...

Olá Betto, bem-vindo! E Obrigada pelo comentário. :)

Gilmar Silva disse...

A paixão que você demonstra pela leitura é semelhante ao que sinto com relação a "escrever". O que faço? Bem,escrevo todos os dias, mesmo que seja uma só frase ou palavra. Então, jamais se afaste dos livros, Jovita. Leia qualquer coisa, mesmo que seu dia esteja repleto. E, claro, escreva também. Afinal, você precisa da leitura assim como nós necessitamos de suas páginas.

Jovita Capitão disse...

Olá Gilmar, bem-vindo! Muito obrigada pela sua apreciação acerca do meu texto. De facto, sou uma apaixonada pela escrita, pela literatura, pela cultura e pela arte. São as coisas que me preenchem, e que me fazem sentir leve e cheia de energia. :)