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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

As causas da minha insónia

Queridos leitores e amigos da Rainha, quem já me conhece sabe porque criei o blogue associado a um nome incomum. Para quem não sabe, "Rainha das Insónias" foi o nome escolhido desde o início. Associei duas coisas que têm a ver comigo: A escrita e as insónias. E assim ficou. No entanto, muitas vezes surge a dúvida: Quais as causas da minha insónia? Bem, para responder a isso, necessito de vos contar algumas coisas que vocês ainda não sabem sobre mim.

Não me lembro exactamente do dia em que tive consciência disso, mas em pequena tinha uma certa tendência para ser noctívaga. Os meus pais contam-me que quando chegava a noite eu só queria ficar bem acordada. Em bebé, dormia todo o dia se fosse preciso, mas à noite queria fazer tudo. Comer, chorar, rir, dançar, brincar... enfim. Era uma criança bem difícil de lidar porque não gostava de ser contrariada. E como sou a mais nova de três irmãos, tinha todos os mimos possíveis e imaginários. Logo, dormir cedo nunca foi um hábito meu. Já um pouco crescida, era comum mandarem-me para a cama à hora em que dava o Vitinho. O Vitinho era um boneco desenho animado que aparecia na televisão depois do telejornal, para que as crianças aprendessem a ter a responsabilidade de ir para a cama cedo. Lembro-me dos meus pais dizerem: "Vitinha, já deu o Vitinho. Podes ir para a caminha!" e lá ia eu, contrariada, para o meu quarto, para com pezinhos de lã regressar à sala da TV, sem que eles dessem conta. Ficava horas ali, bem escondida. Até que um dia fui apanhada porque falei quando não devia. Foi  nessa altura que passei a ser interditada da TV a partir das 9h da noite, hora em que ia de facto para a cama, mas que, ao mesmo tempo, ficava de olhos bem abertos à espera que o dito sono aparecesse e me levasse para um lugar cor-de-rosa. Mas nada acontecia. Acabava por adormecer bem tarde, sem dar por isso. Acordando pouco depois com o barulhento despertador que me obrigava a levantar para ir para a escola. De manhã, a sonolência apoderava-se de mim, ficava literalmente tipo zombie.

Um dia descobri o prazer da leitura. Ficava, pois, horas a ler histórias de aventuras da minha colecção preferida, antes de ouvir três ou quatro berros do meu pai para apagar a luz. E pronto, lá ia eu de novo para debaixo dos lençóis, num ambiente de escuridão absoluta. Mas mesmo assim, o sono não chegava porque me punha a pensar nos livros que queria ler no dia seguinte. A escrita apareceu pouco tempo depois, e aí é que foram elas! Fingia que ia dormir e sorrateiramente acendia a luz de um candeeiro situado na minha secretária. Ficava a ler, a escrever e a ouvir música no meu rádio de cassetes até ficar com sono. 

O tempo passou e a vontade de dormir cedo tem vindo a ficar cada vez mais escassa. Até posso ter sono quando me deito, mas logo depois ele desaparece e fico com uma sensação vespertina. O que me prejudica gravemente no dia seguinte porque agora sou adulta e preciso mesmo de me levantar cedo...

Resumindo, eu não sei exactamente quais são as causas das minhas insónias, mas sei que as ganhei bem cedo. Se um dia eu descobrir a raiz do problema, talvez seja mais fácil entender como o meu organismo funciona. Acho que esta questão é bastante complexa e varia de pessoa para pessoa. Pode haver até uma predisposição genética para o problema (talvez seja esse o caso). Mas até descobrir porque não tenho sono quando deveria tê-lo, vou continuar com as minhas insónias criativas, já que a minha escrita beneficia com isso!  

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