Partida, lagarta.... 2021!

Estás preparado para receber o ano novo? Eu já comecei a preparar tudo. Principalmente, a mente. Sim, a mente precisa de estar leve para conseguir deixar para trás todas as coisas menos boas de 2020. Apesar de ter sido um ano muito difícil, não me posso esquecer das minhas conquistas nem de agradecer por ter tido saúde, alegrias, paz e amor. Que assim seja em 2021, com uma nova visão de futuro, agora que a vacina já chegou. Eu acredito que, com o passar do tempo, vamos poder olhar para trás com gratidão e esperança no futuro.  

Queridos leitores e amigos da Rainha, um feliz 2021!

Um doce Natal

Queridos leitores e amigos da Rainha, espero que tenham tido um doce Natal com toda a segurança possível. 

Hoje, decidi mostrar-vos alguns doces que fiz para esta quadra. Espero que gostem e que se inspirem! :)

Bolo Rei

Arroz doce

Mousse de chocolate

Tarte de requeijão e amêndoas

Salame de chocolate

Quiçá o façam amanhã.

Existe um bloqueio na minha mente
como um enorme nó num novelo de lã.
Um emaranhado de ideias presas
que querem libertar-se hoje.

Quiçá o façam amanhã.

O que importa é desbloquear
tudo o que se encontra preso
para tirar de mim este peso
e poder voltar a sonhar.

A liberdade, 
sendo um direito universal
é vida, alabastro, vitral,
soberba tranquilidade.
Sem a qual nada nos resta.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Mensagem aos leitores

Queridos leitores e amigos da Rainha, apesar de estarmos a viver tempos difíceis, desejo a todos um Santo Natal e um feliz 2021. Que a esperança nos guie e nos acalente, sobretudo por ser um ano diferente. 

O último Natal

Abri as gavetas
e comecei a tirar tudo do lugar. 
Não só para deitar fora o que não presta, 
mas também para limpar. 

Está na hora de verificar 
o que acumulei ao longo deste ano, 
para perceber o que interessa
e o que já não tem arranjo.

Todos os anos faço a mesma coisa.
Mas este ano é especial.
É uma década que se acaba
e o seu último natal.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Alice

Alice não sabia para onde ir.
Estava num impasse da vida.
Mas não se conseguia decidir
porque se sentia perdida.

Foi apanhada de surpresa
por uma horrenda pandemia.
Ficou com tanto medo
que mesmo deitada não dormia.

Tinha um currículo invejável,
uma criatividade impecável.
Mas ainda assim não conseguia
fazer uma escolha com coragem.

Um novo ano já lá vinha
a correr nas asas do tempo.
Este que sem parar também corria
tão rápido como o vento.

Quantos de nós nos revemos
nesta história da Alice?
Quantos também não sabemos
o que fazer nesta crise?

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Vou continuar a procurar!

Não sei em que momento me perdi. 
Deixei para trás muitas coisas que fui.
Muitas dessas coisas perderam o sentido.
Mas eu sei que a vida flui.

Tem de ser.
Tenho de reaprender.
Redescobrir dentro de mim
mais sobre o meu ser.

Talvez eu seja tanta coisa
que ainda não descobri.
Vou continuar a procurar.
Existem tantas verdades dentro de mim!

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Metáfora da gota de água

Cada gota de água
que cai no beiral da janela
contribui para uma melodia
perfeita e bela.

É uma gota
que parece não ter importância,
mas no conjunto
tem deveras relevância.

Cada gota de água
é bela por si só,
mas não é apenas uma gota
que faz girar a mó.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Mudança - reflexão

Somos mudança. Todos os seres humanos mudam ao longo da vida e isso é inevitável. Não podemos querer ser a mesma pessoa com 20,30 ou 40 anos. Os nossos interesses mudam, as nossas escolhas mudam, as pessoas que nos acompanham também podem mudar ou afastar-se. Ou pode ser que nós mesmos nos desconectemos das pessoas que julgávamos ser para sempre. O "para sempre" é tão relativo, mas nem sempre temos a noção disso. Acontece que por vezes vivemos vidas diferentes dentro da nossa própria vida. E isso devia ser algo normal. Só que nem sempre as pessoas gostam de mudar. Às vezes a mudança significa deixar para trás quem um dia fomos e não é fácil deixar ir. Ainda assim é importante que o façamos com determinação. O futuro que nós queremos, pode estar nas decisões que não temos coragem de tomar. 

A curva

A curva subiu
e tende a descer.
É a lei da gravidade
a acontecer.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Folha em branco

Há na folha em branco
um certo misticismo
que só termina 
quando a primeira palavra surgir.

No entanto, o tempo urge.
E se a palavra for errada,
haverá tempo de corrigir?

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Dezembro

Dezembro é o mês do natal.
Habitualmente um mês de festejos.
Mas este, não é um ano normal.
Não há abraços, nem beijos.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Águas vivas, agiotas

O céu estava a anunciar
uma prestigiosa chuva,
densas nuvens se aproximavam
a passos largos no céu.

Caminhei mais apressada
não querendo ser apanhada
pela borrasca que se afirmava
ser a mais prestigiada,
mais notória que eu.

Assim que a casa retornei
abriram-se as comportas,
o céu derramou então
águas vivas, agiotas.

Jovita Capitão, Rainha das insónias.

Várias verdades

Existem várias verdades em mim.
Cada uma delas é diferente das demais.
Parecem diferentes pessoas sem rosto
de personalidades múltiplas.
Umas, gosto.
Outras, só desgosto.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Isto é que é falar!

Tenho medo. Mas tenho de avançar.

Se parada fico. Não vou acordar.

Ficarei melhor na letargia da vida?

Ou será melhor não me dar por vencida?

Ora, isto é que é falar! 

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

A prioridade é pensar - Pequena reflexão

Há quem me pergunte se ainda continuo a escrever. Dizem que a pandemia roubou-lhes as palavras. Como eu os entendo! Mas, sim. Continuo a escrever, embora o faça com menos frequência. A escrita é como um bálsamo para mim, uma cura para todos os meus anseios. Mas confesso que nem sempre tenho vontade de escrever. Às vezes, a prioridade é pensar e em silêncio penso melhor.

A perfeição não é tudo

Queridos leitores e amigos, apresento-vos a minha torta, torta. Eu sei que ela ficou um pouco torta, mas de sabor ficou mesmo uma delícia. Hoje, não quero partilhar nenhuma receita, mas sim fazer-vos pensar.

Eu podia esconder que fiz esta torta, simplesmente porque não ficou direita. No processo de elaboração da mesma, não consegui impedir que ela se partisse. Mas, pensando bem, qual é o problema de não ter ficado perfeita? Nenhum.

Moral da história: Não se deixem levar pelas aparências. A perfeição não é tudo.

Apresentação do livro "Amálgama" de Carla Veríssimo e Juan Pedro Ruiz

Queridos leitores e amigos da Rainha, hoje tive uma tarde especial na companhia de pessoas que pensam como eu. Pessoas com fome e sede de cultura e que fazem da escrita o seu pão com manteiga. Já tinha saudades de momentos assim, por isso este convite caiu-me que nem ginjas pelo que era impossível dizer que não. Então lá fui, aproveitando o sol desta tarde, caminhando em direcção à Biblioteca Afonso Lopes Vieira, na Cidade de Leiria.

Abaixo poderão ver algumas imagens que captei com o meu telemóvel e proveito também para dizer que tudo correu dentro das normas de segurança. 

O preço das escolhas

Há muito que não me reconheço.

O tempo passou e eu mudei.

Todas as escolhas têm um preço.

Parece-me, pois, que já paguei.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

A lição do bule

Parti o bule do chá.
Fiquei deveras deprimida.
Senti-me uma pessoa má.
Fiquei muito arrependida.

O bule era meu.
Gostava muito dele.
Era lá que colocava o chá.
Custou-me muito perde-lo.

Porém, uma alma caridosa
no fim do dia me brindou,
com uma caixa cor-de-rosa
que depressa me animou.

Quando um bule velho parte,
outro aparece em seu lugar.
A vida também é assim,
sempre pronta a renovar.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Loucos

A sensação de estar num impasse.
O espírito inquieto à espera que tudo passe.
Algures cá dentro uma esperança
que te faz sorrir como uma criança.

Decerto que a loucura já existe
E neste mundo amargurado e triste
mais vale sermos loucos.

E não somos já poucos
os que acreditam em dias melhores
apesar da nebulosidade aparente.

O importante é continuar em frente
enfrentando a vida mesmo com dores,

certos de que se assim não fosse 
jamais veríamos as flores que atravessam o jardim.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Faltam dois meses

Queridos leitores e amigos da Rainha, faltam apenas dois meses para finalizarmos este ano turbulento. Apesar de saber que a pandemia ainda vai continuar mais algum tempo é bom saber que já chegámos até aqui, apesar das contrariedades. 

Quero aproveitar este momento para desejar muita saúde a todos aqueles que a têm em falta. Apesar de tudo, não podemos esmorecer por completo. Sejamos fortes e corajosos para enfrentar estes tempos ajudando quem mais precisa de nós. 

Sonhos

Tenho sonhos na alvorada
que morrem ao anoitecer.
Tenho outros sonhos que
aparecem de madrugada
e são suspensos ao amanhecer.

Há sonhos que ficam pelo caminho,

dizem-me adeus e eu sigo adiante.

Mas outros há que vou polir

para que se tornem diamantes.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Acredita em ti

Tens de acreditar em ti

mesmo que ninguém acredite

pois só assim

podes passar o tabique.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

A vida é tão curta!

Perde-te, mas encontra-te de seguida.
Lembra-te quem és e porque corres
Aperalta-te e celebra a vida
pois um dia sabes que morres.

A vida é tão curta, meu Deus!
Não sabemos o dia de amanhã.
Então celebremos enquanto cá estamos
Já que amanhã, a vida, já não celebramos.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Vale a pena viver

Não vás na cantiga
de que a vida está perdida.
Por mais que existam feridas
vale sempre a pena viver.
Sê, pois, agradecida.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Bacalhau com natas

Queridos leitores e amigos da Rainha, hoje deu-me para isto. Estava mesmo a apetecer-me um belo bacalhau com natas e sabendo que tinha todos os ingredientes que precisava, arregacei as mangas e meti as mãos na massa. 

Experimentem fazer em vossas casas. É uma receita simples, rápida e toda a gente gosta. :)

Ingredientes:

600 gramas de bacalhau desfiado

1 pacote de natas

12 batatas médias

1 cebola

2 dentes de alho

Azeite q.b.

Sal q.b.

Azeitonas q.b.

Pão ralado.

Preparação:

Aquecer o forno nos 200 º. 

Cortam-se as batatas às rodelas e picam-se os dentes de alho e a cebola. 

Depois, numa travessa preparada para ir ao forno colocam-se todos os ingredientes formando camadas. O bacalhau com alho e cebola, azeitonas, depois as batatas, novamente o bacalhau, alho e cebola e por fim o resto das batatas e mais azeitonas e rega-se com um bom fio de azeite. 

Por fim colocam-se as natas, o pão ralado e vai ao forno durante 45 minutos.

A esperança, é o que nos resta.

Olho no olho

agora é assim.

Nunca vimos

tantas máscaras,

tanta farsa,

tantos duelos,

tanta gente na farmácia.

Novelos,

não de lã

mas de neurónios

que se enlearam

durante a pandemia.

Outros já estavam assim

antes da inglória descoberta,

mas a tendência é piorar.

Não. Não estou a agoirar.

É a realidade.

É a verdade.

A finalidade?

Não sei.

Mas será isso

mais importante

que a própria travessia?

Sim. Não era isto que eu queria.

Mas aconteceu.

Agora a esperança,

é o que nos resta.

A mesma que dizem

ser a última a morrer.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Uma flor no coração

Acordei outro dia

com vontade de dançar

parecia uma menina

de cabeça no ar

e no coração, uma flor

que desabrocha por amor.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Fiquei tão longe de mim!

Naquele dia decidi aventurar-me

e seguir um caminho totalmente diferente.

Queria perceber por que tanta gente ia por ali.

Desta forma, percorri trilhos confusos

e os meus parafusos,

perdi. 😏

Tentei em vão reencontrar-me

e foi quando percebi

que já estava muito longe de mim.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Trinta e cinco

Queridos leitores e amigos da Rainha, completei as minhas primeiras 35 primaveras no passado dia 14 de Setembro. Todos estes anos foram vividos de forma intensa e alguns momentos deixam deveras saudades. Como será a minha vida daqui para a frente? Não sei. Mas espero que os próximos anos me tragam mais  maturidade e muitas alegrias. 

Setembro

Setembro é o meu mês. Todos os anos é neste mês que faço o balanço do meu ano corrente e que decido o que vou fazer a seguir. Este, não vai ser diferente. Mesmo com uma pandemia em vigor, preciso de fazer planos. Quero estar preparada para o que aí vem, mesmo que ainda não saiba do que se trata. E é por isso que já defini o que quero manter na minha vida e o que vou certamente descartar por não me servir mais. O efeito das minhas decisões será provavelmente sentido em 2021. Nessa altura dir-vos-ei o que tenho andado a planear.

Verdade

Sabendo que a liberdade

é um bem essencial

preocupa-me uma postura

que se está a tornar banal.

Teorias conspiratórias

dizem eles para nos meter medo.

Mas só acredita quem desconhece.

A verdade não tem segredo.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Vento

Hoje o vento,

despenteou-me os cabelos.

Primeiro deixou-os soltos

depois transformou-os em novelos.

Tal era a ventania

que voltei para casa

e fiquei à janela 

a ver se passava.

Não passou.

Decidi ficar.

Assim, o vento

já não me podia despentear.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Uma palavra aos leitores

Queridos leitores e amigos da Rainha, espero que se encontrem bem. Eu também estou bem, dentro do possível. Apesar de todos os contratempos, que consigamos ter uma pontinha de esperança e que brevemente os nossos caminhos se cruzem outra vez. Coragem, nestes tempos difíceis!

Questionamentos

Questiono constantemente
tudo aquilo que escolhi.
Todo o desejo premente
era mesmo para mim?

Passo a vida a questionar
sobre o que podia ser diferente
Mas não sei realmente
se seria melhor mudar.

Pois, de tudo o que passei
se a mim veio ter,
devo ter tido algum prazer
naquilo que guardei.

Talvez, sem me aperceber
se outro caminho escolhesse
fosse parar ao mesmo lugar
sem que me apercebesse.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Incertezas

Queridos leitores e amigos da Rainha, tenho estado de férias. Umas férias um pouco estranhas, a bem dizer, mas ainda assim são férias e era suposto sentir-me feliz. Mas uma nuvem claramente turva a minha visão acerca do futuro e já me custa sorrir. Há dias mais fáceis que suportar, mas outros irremediavelmente melancólicos e vazios. A saudade que trago dentro de mim por não poder ver os meus, deixa-me de rastos... O tempo urge e não sei se tenho esse tempo para estar com eles. Mas neste momento não posso fazer mais. A pandemia tirou-me tudo o que tinha como certo e as incertezas bailam sobre a minha cabeça numa dor infinita. 

Agosto já chegou!

Agosto já chegou

e com ele as noites de verão.

Os dias plenos de sol

mas este ano, parece-me que não...

Eu sei que muitos já voltaram

às rotinas por truta e meia.

Mas o receio leva-me a questionar

se à praia quero mesmo voltar.

Não é que eu não queira, alto lá!

Eu até queria lá ir

para o biquíni poder vestir,

mas ainda não sei se vá.

Talvez um dia destes acorde

e alguma coisa mude em mim.

E nessa altura correrei até ao mar

só para o ver e o abraçar.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

O roncar da traineira que passa

Por vezes há pedras no caminho.

Por vezes há coisas que nos atrasam.

Por vezes os espinhos são o destino

e quantas vezes eles nos arrasam!

A traineira passa e faz barulho.

Não fica indiferente ao teu mergulho.

Por vezes temos de aprender a esperar.

Por vezes temos de abrandar o passo.

Por vezes é melhor deixar passar

pois o tempo não quer ser comandado.

A traineira passa e faz barulho.

Não fica indiferente ao teu mergulho.

Por vezes a vida vai dando sinais

que não é por ali o teu caminho.

Por vezes o não sabes se não tentares

cruzar esse mesmo destino.

A traineira passa e faz barulho.

Não fica indiferente ao teu mergulho.

Por vezes tens de ouvir o coração

e atentar nos erros cometidos.

Por vezes há que viver na ilusão

e acreditar em sonhos perdidos.

A traineira passa e faz barulho.

Não fica indiferente ao teu mergulho.

Não tens de ter todas as respostas

por vezes a vida passa-te uma rasteira.

Então por que é que te importas

com o roncar de uma traineira?

A traineira passa e faz barulho.

Não fica indiferente ao teu mergulho.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Um cumprimento breve

Queridos leitores e amigos da Rainha, espero que estejam a ter uma boa semana. Só passei aqui para vos cumprimentar. :)

Uma insónia de sofá

Levantei-me, pois não conseguia dormir.
Fui até à sala para escrever um bocadinho.
Mas não sabia exactamente o que dizer.
Às vezes fico confusa em relação ao meu caminho.

Deitei-me no sofá com o caderno no colo.
Dei voltas à mente à procura de um assunto.
Deixei os chinelos pousados no solo
 e no sofá coloquei os presuntos.

Confortavelmente pequei no caderno
e com a caneta azul fiz jus ao meu pensar.
Lentamente relembrei o último inverno
mas isso não me deixou sossegar.

Recordei o frio que senti anteriormente
e todo o isolamento a que fomos sujeitos.
A solidão não faz bem à mente,
isso vai contra todos os preceitos.

Só que às vezes a solitude dá jeito
para colocar ordem no peito e fé no caminhar,
pois todo o sujeito precisa de acreditar
que o mundo tem jeito se a gente deixar.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

O tempo e eu

Estou a ficar mais velha. Tenho a sensação que a juventude já passou. E que posso eu fazer se o tempo corre com tanta pressa? Já tentei fazê-lo abrandar mas não o consegui demover. Ele não me deu ouvidos e continuou a correr. E o que fiz? Juntei-me a ele e corri também. :)

Suposição

Supondo que o vírus não existia,
e que de repente eu acordava,
oh que alívio sentiria!
Saudades, não as guardava.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Domingo

Queridos leitores e amigos da Rainha, hoje fui apanhar um pouco de ar ao jardim da Almoínha. Fez-me tão bem! Por momentos esqueci-me da Pandemia e aproveitei o momento para recarregar baterias para a próxima semana. 

Carpem diem e sejam felizes!

Acorda o teu coração

Estás perto da loucura
quando somatizas no corpo
toda a dor e desconforto.
que te vai na alma.

Sentes o que não queres sentir
e acabas por reprimir
sentimentos e pensamentos
que não te deixam agir.

Liberta-te desse estado.
Respira compassadamente.
Não te deixes guiar
pelas mentiras da mente.

Acorda lentamente o teu coração.
Deixa o amor entrar.
Não deixes a emoção te dominar.
Atenta na tua respiração
e sente a mente a acalmar.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Vinho e pão

Quero acreditar

que o futuro será melhor.

Que o pesadelo vai passar

porque tudo vai mudar.

Tudo muda,

tudo passa,

quer tu queiras,

quer não.

A vida não é só desgraça.

Também é vinho e pão.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Julho

Já estamos em Julho. Parece que foi ontem que o ano começou. Sem dúvida que ninguém vai esquecer este ano surreal! Daqui a cem anos vai continuar a ser lembrado como a época mais incomum, pois colocou o mundo inteiro do avesso. Eu não esqueço de certeza, porque acontece precisamente no ano em que completo as minhas 35 primaveras. A seis meses do final do ano, penso em tudo o que fiz até aqui e naquilo que deixei de fazer. Faço planos realistas e coloco as mãos na massa tentando recuperar o tempo perdido. Vamos ver o que nos reserva o futuro. Façamos a nossa parte, o universo fará o resto. 

Uma simples tarde de domingo

Esta tarde, ocupei o meu tempo com as tarefas domésticas. Nem sempre tenho disposição, mas o que tem de ser tem muita força. Aproveitei o sol e o vento para secar roupa e arrumei tudo o que estava fora do lugar. Já repararam que às vezes nós próprios também estamos fora do lugar? Quantas vezes nos sentimos deslocados numa situação ou não nos identificamos com determinada tarefa que nos foi incumbida, mas que acabamos por fazer contra vontade? Confesso que já me aconteceu muitas vezes. É nessas alturas que questionamos tudo. Questionamos se o que fazemos nos realiza realmente, questionamos como vai ser o futuro face a uma pandemia que nunca mais acaba..., e assim se passa uma simples tarde de domingo num mês de Agosto absolutamente estranho e imprevisível. 

A fé não costuma falhar

Queridos leitores e amigos da Rainha, hoje quero partilhar convosco este video maravilhoso que nos traz paz de espírito apesar do momento difícil que vivemos.

"A fé não costuma falhar", pois não?! A fé é tudo o que temos quando tudo à nossa volta parece desmoronar. Espero que este vídeo vos faça sorrir como aconteceu comigo. 

O vírus não dá tréguas

Lisboa acordou

para uma nova realidade

o vírus propagou-se

a uma tal velocidade

que assustou a população.

Muitos já não saem de casa.

Outros tem mesmo de sair,

pois para sobreviver à crise

não se podem deixar dormir.

Mas o vírus não dá tréguas

entra pelos lares adentro

retira-lhes vidas

ou dá-lhes sofrimento.

Eu confesso, custa a aguentar

ver Lisboa deste jeito.

Gostava de lá poder voltar

e poder abraçar

aqueles amigos do peito

dar-lhes o meu apoio a preceito

e dizer-lhes que tudo vai passar.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Ainda sobre a Pandemia...

Queridos leitores e amigos, estou muito preocupada com o que se está a passar em Lisboa. Tenho receio pelos meus familiares e amigos que lá se encontram. Muitos, têm de continuar a trabalhar e não têm hipótese senão utilizarem os transportes públicos como sardinhas em lata. Além disso, cresci e vivi em Caneças durante quase toda a minha vida e angustia-me o facto de saber que é notícia da pior forma. 

Quero apelar a quem possa ficar em casa, que fique. Habitualmente sou uma pessoa positiva e esperançosa, mas não consigo ficar indiferente ou com esperança quando vejo um cenário como este à minha frente. 

Dor, apreensão e angústia

Nas minhas entranhas

vive a angústia

a apreensão

e a dor.

A dor

por estar longe...

A apreensão

por não saber o futuro.

A angústia por saber

o que sei.

São estes tempos diferentes

que me dão a volta à barriga.

Hoje sinto-me assim.

Que queres que te diga?

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Pandemia - Acróstico

Parece que o mundo mudou.

Andamos com sérios problemas.

Nunca se viu nada assim.

Duras medidas, duras penas.

Enquanto houver quem não ligue

Mais pessoas vão ficar doentes.

Infelizmente assim é.

Ainda temos as vidas pendentes.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

"Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam"

Passaram 10 anos desde a sua morte, mas quando leio os seus livros, sinto que ele ainda vive. O corpo desintegrou-se, mas Saramago deixou-nos a sua alma na sua vasta obra. 

Tive o privilégio de o conhecer ainda vivo. Não me esqueço daquele dia no CCB, quando publicou o livro: "A viagem do Elefante". Fiz todos os possíveis para estar presente e quando cheguei, senti-me completamente em casa! Lá estava ele e imensa gente naquela enorme sala de espectáculos para falar sobre o novo livro. Foi tão interessante que o tempo passou a voar!

Naquela altura, eu ansiava por cultura e tinha uma vontade incessante de conhecer pessoas da área da literatura para me poder inspirar e motivar a continuar em busca do sonho de ser também eu uma escritora reconhecida. 

Acredito que nada acontece por acaso. Também eu vou continuar a trabalhar para que um dia consiga chegar a esse lugar completamente preenchida, deixando um legado cultural para os meus leitores. Sem dúvida que "Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam". 

As teias da mente

Como a mente nos engana!

Faz de nós gato e sapato.

Imaginamos histórias,

filmes inteiros,

com um tal aparato!...

Mas depois a tempestade passa.

E percebemos que era só imaginação.

Como a mente nos engana

e nos torce o coração!

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Sonambulismo radical

A raça humana ainda não entendeu
que somos todos irmãos
nesta vasta terra.

Não há nada para separar.
Somos uma só família
a viver na mesma Era.

As disputas irracionais
entre pessoas de diferentes culturas
não acabam com o racismo.

Só o amor entre as pessoas
poderá unir as cores
e acabar com este sonambulismo.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Este ano não há festa

Este ano não há festa

nem arraial, nem vinho,

nem músicos na rua,

nem manjericos no caminho.

Este ano não há sardinhas com pão,

nem sopa de caldo verde a acompanhar,

nem chouriço assado, nem leitão,

nem sequer uma Ginjinha para alegrar.

Este ano não há festa.

Sem dúvida que é um ano atípico.

Pelo menos para o zé povinho.

Já para o político...

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Desencontros

O meu pensamento anda longe
abraça pessoas sem as ver.
Sentimento que não é de hoje
e que há muito me faz sofrer.

Mas a vida tem destas coisas,
desencontros constantes.
Tenho em mim a consciência
que nada mais será como antes.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Vândalos

A história conta que
desde tempos imemoriais
andaram vândalos
e outros que tais
saqueando e destruindo
casas senhoriais, palácios,
e tantas coisas mais.
A história repete-se mais uma vez
mas não se percebe bem os porquês.
Como isto acontece numa sociedade civilizada?
Fica a questão no ar.
Sem resposta.
Sinto-me indignada.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Voltar à rotina

Voltei à rotina na semana passada, com todos os cuidados. Apesar da incerteza acerca do futuro, não podemos ficar eternamente parados. A vida tem de continuar. Há sonhos que não podem esperar, há coisas pelas quais vale a pena lutar.

Acredita em ti

Quanto te dás conta
do quanto aprendeste
tens orgulho em ti.
Sabes o quanto cresceste.

A vida vai dando provas
do quanto tu és importante.
E aquilo que realmente fazes
não é assim tão relevante.

Basta apenas a consciência
de estar a fazer a coisa certa.
Compromete-te contigo
a atingir essa mesma meta.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Pelo sonho é que vamos

Quando criança tinha sonhos do tamanho do mundo. Já quis ser "metereológica"para entender a lógica do estado do tempo. Já quis ser cantora mas o meu Inglês inventado era imperceptível a quem me ouvia. Já quis ser locutora de rádio e gravava a minha voz em cassetes. Já quis ser decoradora. Diziam que até tinha jeito. Por fim, ambicionei ser escritora e desatei a escrever sobre a vida. Já quis ser tanta coisa! O que eu não sabia é que seria sempre uma sonhadora. A minha capacidade de sonhar sempre foi notável, no entanto, temo que essa fase esteja a finalizar. Mas talvez eu esteja apenas a delirar. Penso que a Pandemia trouxe-me mais contenção nas ambições, mas isso não quer dizer que tenha deixado de sonhar. Aliás, "É pelo sonho que vamos, comovidos e mudos. Chegamos, não chegamos? Haja ou não haja frutos, é pelo sonho que vamos." e é com este pensamento de Sebastião da Gama que me despeço, por hoje. Votos de uma boa semana.

Mil pensamentos

Queridos leitores e amigos da Rainha, tenho andado tão nostálgica nestes dias que é difícil de explicar. Mil pensamentos vêm à minha cabeça e não consigo sossegar o coração, sabendo que o bicho ainda anda por aí. As poucas notícias que me permito ver, têm-me preocupado bastante. Embora eu esteja bem e a minha família, no geral, também, há determinadas coisas que deixam o meu estômago num reboliço. As distâncias aumentam a incerteza, no entanto, ainda não posso deslocar-me para Lisboa. Vou ter de esperar mais uns meses até realizar o desejo de visitar com segurança os meus progenitores. Felizmente, tenho consciência, ao contrário de muitos que esqueceram que ainda há pouco estávamos "todos" confinados em nossas casas. Enfim, só espero que isto passe o mais rápido possível. 

Saudades

Há saudades dentro de mim
tantas do tamanho do mar,
emoções guardadas no peito
mesmo prestes a transbordar.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Esperança

Aos poucos levanta-se o véu.
Uma pontinha de esperança aparece.
Após dois meses de incerteza
há um futuro que se tece.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Batata quente

Quando a batata está quente
ninguém a quer agarrar.
Se por acaso alguém lhe pega
logo a desejará soltar.

A batata segue a sua viagem
para aqui e para acolá
ninguém sabe de nada.
Dizem, depois se verá.

E a vida ficou pendente
assim se definiu que seria
a vida de toda a gente
por causa desta pandemia.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Hoje desconfinei

Queridos leitores e amigos da Rainha, hoje desconfinei tal como o gato enclausurado do poema anterior. 

Mais uma vez precisei de fazer compras e como tal, tive de sair. Mas confesso que até me fez bem apanhar o ar da rua. Hoje custou-me menos do que da outra vez. Talvez, por já ter saído uma vez, talvez por estar mais bem disposta, ou simplesmente por ter trocado de máscara. Hoje escolhi uma máscara de cortiça, comprada a uma marca Portuguesa, que apesar de ser um pouco quente, não me bloqueou a respiração. 

E tal como prometido, não me esqueci da fotografia. A pouco e pouco vou-me adaptando a esta nova realidade.

O gato enclausurado

O gato fechou-se em casa.
Já não queria ir à rua.
-Tenho medo!-Afiançava.
Remeteu-se à clausura.

Ficava-se pelo janelim.
Aborrecido se sentia
observando o jardim
várias horas no seu dia.

O nosso gato medroso
teria assim continuado
caso o seu estômago
não o tivesse atraiçoado.

Finou-se a ração.
Ele não tinha reparado.
Abriu, pois, uma excepção
e foi ao supermercado.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Pirilampos

Parecia chover.

Fui ver.

Não era chuva.

Era apenas a natureza

a chamar por mim.

Por momentos

não reconheci o espaço.

No silêncio da noite

centenas de pirilampos

dançavam no meu terraço.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

«"Agarrem que é Covid!"» - Breve viagem ao Supermercado.

Queridos leitores e amigos da Rainha, depois de estar precisamente 60 dias seguidos em casa, finalmente saí à rua. Só saí porque precisei mesmo de ir ao supermercado, senão não me atreveria a sair. Não foi nada fácil respirar com a máscara colocada. Momentos houve que achei mesmo que não ia aguentar. Dentro do Pingo Doce, deu-me uma vontade enorme de tossir. Fiquei em pânico e espreitei pelo canto do olho as pessoas ao meu redor a ver se alguém tinha reparado o quão aflita estava. Depois, tentei acalmar-me e por sorte consegui. A ideia que me passou pela cabeça foi que, caso eu tossisse mesmo, viessem atrás de mim dizendo: "Agarrem que é Covid!" Não se riam. Na altura não teve piada. Assim que consegui recolher os produtos que eu precisava, apressei-me a ir para a caixa. Queria sair dali o mais rápido possível. Felizmente, não correu assim tão mal. Na rua não me cruzei com muita gente e o supermercado estava praticamente vazio. Não tirei nenhuma fotografia porque nem sequer me lembrei. Estava tão obcecada em me despachar, que nem apreciei a viagem. Foi pena, mas fica para uma próxima vez, que nem sei ainda quando será. Quando cheguei a casa, foi um alívio. Tirei a máscara e respirei fundo, visivelmente aliviada. Finalmente, estava de novo em segurança.

Desabafo.

Gostava de dizer que já passou.
Que não tenho medo de sair.
Mas isso seria uma mentira
já que por vezes não sinto alegria.

Quero muito acreditar
que este pesadelo irá passar.
Só não sei quanto tempo vai demorar.
Sinto a vida a desmoronar.

O futuro é tão incerto.
Quantos mais terão de morrer?
E os nossos entes,
ainda teremos tempo de os ver?

Desculpem, mas não consigo conter
as lágrimas enquanto estou a escrever.
O tempo foge-me das mãos
e a tinta acabará por desaparecer.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Tenho dito!

Dizem que estamos a voltar ao normal.
Não acredito. E o que dizem não é bonito.
Ainda não é hora de sair de casa, tenho dito!

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Constatação

Nos momentos mais difíceis

descobrimos quem são

os verdadeiros amigos

que nos dão a mão.

Nos momentos incertos

aparece alguém

que nos devolve a esperança

que nos sustém.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Tudo muda num segundo

Um dia, abraçarei o mundo,
rirei de novo junto ao rio
e num instante de desvario
poderei ter tudo!

Tudo é uma questão de tempo.
Mas palavras, levam-nas o vento,
porque tudo muda num segundo.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Só sei que nada sei.

Queridos leitores e amigos da Rainha, esta noite demorei a adormecer. Fiquei muito tempo a pensar sobre o momento que estamos a viver. Tenho de me reinventar, se quero sobreviver. Não sou só eu, claro. Toda a gente tem de se adaptar aos novos tempos. Sei que com o tempo toda a gente se adapta. Uns mais depressa do que outros. Mas quanto a mim, "só sei que nada sei". Nunca esta frase teve tanto sentido.

Faltam apenas quatro meses para o meu aniversário. Todos os anos faço imensos planos, mesmo que alguns não sejam possíveis de concretizar, mas o entusiasmo de os planear é tão grande que me dá uma energia extra para lutar pelos meus objectivos. Só que desta vez vislumbro um ano pouco risonho. Já não me apetece fazer planos como antes. Só quero viver um dia de cada vez. Só quero saber o que vou fazer para o almoço amanhã e pouco mais.

Novos tempos, é certo. Tento adaptar-me aos poucos. Mas para já não faço planos, pelo menos por enquanto. No futuro, talvez. Mas agora, fico apenas a observar o mundo à minha volta através das várias janelas que me possibilitam saber notícias do exterior. A ver vamos o que poderei fazer mais tarde. 

Mais um dia em casa...

Mais um dia em casa.

Mais um dia a pensar

se será seguro

poder viajar

nem que seja ir só ali

ver o mar

e depois voltar.

Mais um dia em casa.

Mais um dia a pensar

se será seguro

fazer umas comprinhas

mesmo que pequeninas.

Mais um dia em casa.

Mais um dia a pensar

se será seguro acreditar

que o pior já passou

e deixar-me levar

pela falsa sensação

de segurança

que as máscaras dão.

Mais um dia em casa

mais um dia a pensar

se será seguro

ir só ali espreitar

ou a vida retomar

por inteiro.

E de tanto pensar

acabo por não sair.

O medo sobrepôs-se,

toldou-me o pensamento

e já não sei o que fazer.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Só que não.

Está vento lá fora.
Este, revoltado, deita tudo ao chão.
Parece Outono, só que não.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Estranheza

Esta estranheza não é só minha.

Também é da minha vizinha.

E daqueles que mal conheço.

Temos a vida do avesso.

É estranho, o isolamento social imposto.

Parece que estamos agarrados a um qualquer desgosto.

Já nem podemos ir de férias em Agosto

sem pedir permissão para estar na praia. 

É estranho, parece pecado até

dar um abraço a quem se quer bem.

De longe dizemos olá aos amigos,

e até aos nossos ente queridos.

É estranho, as crianças

não poderem brincar.

E serem proibidos os afectos, 

mesmo que sejam discretos.

É estranho os nossos idosos

tristes, cansados e ociosos

completamente sozinhos em casa

ou nos lares à espera da sua vez.

É estranho estar em público

com medo da própria sombra.

As máscaras escondem sorrisos

mas também os rostos do medo.

É estranho estar aprisionada em casa

quando antes era o meu porto de abrigo.

É estanho ter de olhar as pessoas pelo postigo

mesmo que à porta esteja um amigo.

São estranhos estes tempos.

Impossíveis de entranhar.

Pois nas minhas entranhas

só existe a vontade de acordar.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Versos

Há versos que tocam a nossa alma.
Há poemas inteiros que nos engolem.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

As Máscaras Reutilizáveis da Pegada Verde

Queridos leitores e amigos da Rainha, já chegaram mais dois exemplares do produto mais procurado de 2020. 

Encomendei as máscaras à Pegada Verde, uma marca de produtos naturais e biológicos que visa diminuir os desperdícios e o impacto que estes podem trazer para o meio ambiente. Estas máscaras simples foram confeccionadas com duas camadas de algodão e podem ser lavadas na máquina de lavar roupa a 60 graus. Deste modelo, existem mais cores. 

Além destas de algodão, existe outra mais elaborada. É anti-bacteriana e impermeável. Só não a comprei porque estão esgotadas de momento.

Se desejarem encomendar visitem o site abaixo. 

https://www.pegada-verde.pt/saude/mascaras-reutilizaveis.html

Apesar da Pegada Verde já existir há 10 anos no mercado, não conheço bem a marca. No entanto, decidi experimentar. Depois de as usar digo-vos se a compra valeu a pena.

Pesadelo

Numa noite

um vulto

abraçou-me 

na escuridão.

Não reconheci os braços

nem os traços

fiquei petrificada

e com razão.

Mal respirava

assustadíssima.

A sombra arfava

e me apertava

com cada vez mais força.

Imaginei-me a perder os sentidos.

Imaginei-me a desfazer-me em pó.

Qual seria o meu destino?

Morreria triste e só?

À beira de um ataque de nervos

resisti a tão negros pensamentos.

Quis gritar aos quatro ventos

mas as cordas vocais estavam presas.

Gritei o mais alto que consegui

mas som algum saiu da minha boca.

Um pensamento me afligiu

"Estarei a ficar louca?"

De repente acordei atarantada

afinal estava apenas a dormir

e fundo respirei

muito mais aliviada.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Eu já tenho a minha. E tu?

O Município de Leiria teve uma iniciativa interessante. Decidiu oferecer às pessoas, uma máscara e uma viseira de forma totalmente gratuita. É de louvar a iniciativa, já que nem toda a gente tem possibilidades de adquirir o tão solicitado produto que vai ser moda daqui para a frente. 

Se moras em Leiria podes fazer o teu pedido bastando apenas clicar no link abaixo e seguir os passos solicitados.

https://leiriamarket.pt/leiria-protege?fbclid=IwAR0c1Gpo-zgMqbjDS6kls6NoznoLWcqGPPj9T36jXeFjM1DecsPXyYh3tzM

Eu já tenho a minha. E tu? :)

Pensamentos

Confortavelmente sentada decido escrever. Mas não sei exactamente aquilo que quero dizer. Não há palavras que definam o que sinto. Fico, portanto, em silêncio visto que o momento requer concentração e avaliação do estado actual. Sei que vou ter de voltar à "vida normal", mas o receio ainda não desapareceu. A minha vida ficou em suspenso desde meados de Março e agora que as restrições de circulação começam lentamente a ser levantadas, permito-me passar mais tempo a repensar nas minhas antigas escolhas e a reprogramar um futuro que nem sequer sei como vai ser. Longe de familiares e amigos, fico a pensar se será seguro para eles se os puder visitar. E escolhendo não ir, o coração vai ressentir-se devido às saudades. Não sei como vai ser o resto do ano. Não sei sequer como vão ser os próximos meses ou as próximas semanas. Então, respiro fundo, tento acalmar-me, tento afastar os pensamentos mais nebulosos e concentro-me naquilo que posso realmente fazer. Espero que, no final deste ano, consiga olhar para trás e dizer: "Parabéns, conseguiste superar, já não precisas de ter medo". Oxalá, que assim seja.

Desconfinar

Eu desconfino, desconfiando.
Pois, nunca fiando no que está por vir.
Tenho esperança, mas ainda não é hora
de baixar a guarda, do rosto descobrir.

Uns desconfinam, outros ainda não.
Se queremos confiar, não nos podemos desleixar
e sair à rua, com a alma nua. Desta forma ainda não.

Quando for hora de desconfinar por inteiro
pergunto-me, quem irá primeiro?
O cérebro ou o coração? Eis a questão.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

A esperança ainda existe

O sol entrou pela minha janela

mostrando que a esperança ainda existe.

Lembrou-me a força do ser humano,

que tal como a natureza não desiste.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Maio

Já estamos em Maio, um dos meses mais bonitos do ano na minha opinião. As flores florescem ainda mais, a chuva dá tréguas razoáveis e normalmente há mais gente na rua. Se não fosse este maldito vírus, seria um mês fantástico de certeza. Agora só nos resta esperar para ver o que vai acontecer. 

Os inconscientes

Os inconscientes

apenas vivem o presente.

Não querem saber do futuro.

Vivem galgando o muro

prejudicando toda a gente.

Noutros tempos

também eu fui assim.

Mas com o tempo aprendi 

que não podia pensar só em mim.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Nostalgia

Um céu cinzento
deu-me chuva.
Fiquei à janela
contemplando-a.
Suspirei fundo
como um cão
fechado em casa.
Senti uma nostalgia
no meu coração.
Uma ânsia
de acordar
e ver o sol brilhar
outra vez.
Suspeito que
muitas coisas boas
ficaram para trás.
Outras, voltarão.
Talvez sim,
ou talvez não.
A liberdade
que eu tinha
fugiu.
E a chuva
mais intensa
deixou-me suspensa
à janela.
E assim fiquei
perdida
nos meus pensamentos.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Labirinto da Saudade

Estou fechada
sobre mim mesma.
Um pouco perdida
no labirinto da saudade.

A humanidade
também está perdida.
Alguns tentam encontrar-se
dentro deste caos, desta maldade.

Haja solidariedade
para aqueles que necessitam
de cuidados, de amor,
ou apenas de amizade.

Mas nesta nostalgia
há algo que me conforta.
Não importa o que aconteça
porque quem ama, de facto, de importa.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

O vírus maldito

Oh, vírus maldito!

Soube o que andas a fazer.

Não estou nada satisfeita

com o que está a acontecer.

Já viste o sofrimento que causas?

As lágrimas que tu provocas?

Já para não falar na falta de ar...

Isto tem mesmo de acabar!

Penso que este vírus maldito

faz ouvidos de mercador

porque cada vez mais

nos provoca mais dor.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Prisões

Algumas prisões
são criadas por nós.
Prisões mentais e outras que tais
que nos fazem sentir tão sós.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Sobre a Liberdade

Eu nasci livre, num tempo mais democrático. Não conheci a censura da literatura, nem o medo que se fazia sentir quando não se podia opinar sobre coisa nenhuma sob pena de prisão ou de maus tratos. Mas, ainda assim, esta data não me é indiferente. Até porque ainda existem muitas arestas a limar na nossa Democracia.

Existem infinitos tipos de liberdade. Liberdade de expressão, liberdade de opinião, liberdade de imprensa, liberdade de um povo oprimido, liberdade num País livre, liberdade de sonhar, de acreditar, de idealizar e de concretizar, liberdade motivada pelo amor, ou pelo ódio, liberdade para fazer o bem, ou o mal, liberdade de escolha, liberdade de escolher o que quero comer, ver, estudar, onde trabalhar, liberdade limitada às regras existentes, algumas até importantes de respeitar como o Código da Estrada, liberdade de abraçar quem gostamos, liberdade de ir embora quando a situação não nos faz bem. Liberdade de abraçar o nosso pai, a nossa mãe... São tantas as possíveis liberdades!

E em tempos de covid, é importante reflectir no verdadeiro significado desta palavra: Liberdade. Agora que não temos liberdade para sair de casa, mesmo sabendo que é para nosso bem e para o bem de todos, temos o direito de nos sentirmos constrangidos ou pelo contrário temos a liberdade de aceitar que assim tem de ser para nos podemos abraçar outra vez em plena liberdade? Eis a questão.

Somos gente

Somos ar

partícula de pó

sistema molecular

ossos, músculos e não só.

Somos gente

de carne e osso

e temos uma mente

que nos permite pensar.

Somos feixe de luz

somos gente

capaz de grandes feitos,

capaz de amar.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Dia Mundial do livro - É hoje!

Queridos leitores e amigos da Rainha, visto que hoje é dia mundial do livro e dos direitos de autor lembrei-me de vos mostrar uma pequena amostra da minha vasta biblioteca.

Conhecem algum destes livros?

Telescola

Os meninos voltaram à escola
sem sequer sair de casa.
Saltam da cama qual mola
e já ninguém se atrasa.

Da cama, saltam para o sofá.
A televisão é o professor
Aprendem sobre a letra A
e quiçá, algum se tornará
um extremoso Doutor.

Os meninos podem vir a ser
Doutores de letras e palavras
dando asas à sua imaginação.
Pois, a história da Mosca Fosca
é deveras uma inspiração.

Eu também tive o privilégio
de aprender desta maneira.
Lembro-me bem da Rua Sésamo
e da sua vasta brincadeira.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Ainda há tempo!

Sei que houve um tempo
em que podia ir ao parque
Podia sentar-me a observar
os pássaros a cantar.

Sei que houve um tempo
em que podia ir trabalhar
sem ter medo de nada.
Tinha asas para voar!

Sei que houve um tempo
em que podia viajar.
Pegava em mim
e ia ver o mar.

Sei que houve um tempo
em que podia ver e conversar
com amigos e familiares
sem ter de me distanciar.

Sei que ainda há tempo
para muita coisa fazer.
Pois o fim deste confinamento
um dia vai acontecer.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Panquecas

Ontem antes de dormir, fui fazer panquecas. Quando dá a gulodice esta é uma forma muito simples de a resolver. Aconchegam o estômago e a alma. Querem aprender como se faz? Então é assim:

Ingredientes:

Manteiga (para untar a frigideira)

Farinha q.b.

Leite q.b.

2 ovos

Raspas de laranja (opcional)

Canela (opcional)

Açúcar (opcional)

Misturam-se todos os ingredientes, excepto a manteiga, até a mistura ter uma consistência homogénea. Podem deixar mais líquida ou mais sólida dependendo do gosto pessoal. Eu gosto delas mais fininhas por isso costumo deixar a mistura mais líquida. 

Com uma frigideira pequena, bem quente, deita-se um pouco de manteiga e deixa-se derreter ( eu coloco uma colher de chá de manteiga por cada panqueca), com a ajuda de uma concha vou colocando a quantidade que quero e espalho o líquido pela frigideira. Deixo em lume médio ou mínimo para não deixar deixar queimar. Convém virar as panquecas com uma espátula quando um dos lados estiver cozinhado. É um processo relativamente rápido por isso tenham à mão um prato para as colocar quando estiverem finalizadas.

E depois é só deliciarem-se com umas panquecas quentinhas com doce de morango, chocolate derretido, canela e açúcar, queijo, fiambre, o que quiserem utilizar. :)

Um dia em modo off

Hoje acordei muito bem-disposta. Levantei-me cedo, tomei o pequeno almoço e ainda fui a tempo de ver uma aula de Português na RTP Memória. Depois liguei o computador e escolhi a Rádio Comercial como companhia. Motivada, dediquei o resto do dia às tarefas domésticas. Fiquei completamente alheada do mundo lá fora. Não vi as notícias, logo não sei como está o mundo hoje. E faço questão de não saber. Nas próximas semanas quero concentrar-me no dia-a-dia, sem pensar em coisas tristes. Preciso de serenar para bem da minha saúde mental. Quando tiver de voltar à rua, sei que me vai custar mas se começar a pensar muito nisto é certo que vou sofrer por antecipação. Então, é melhor reduzir a minha ansiedade fazendo coisas, mantendo naturalmente o equilíbrio entre as tarefas que eu gosto e aquelas que têm mesmo de ser feitas.

Domingo normal

O sol voltou a brilhar por aqui.
Ainda há nuvens mas já não chove.
Parece um domingo normal, sem gente.

Sem o som premente de amenas conversas
Sem o som de crianças diversas.
Apenas o silêncio se faz ouvir.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Realidade irrefutável

Tenho medo. Sim, tenho medo do que vai acontecer em Maio, em Junho e nos meses seguintes. Estou deveras preocupada com o futuro. Dizem que o pior já passou, mas quem é que acredita nisso? Eu, não. Quando o estado de emergência for levantado, quem é que vai tranquilo para a rua? Eu, não. Vamos voltar à vida normal? Têm a certeza? Eu, não. Sinto uma angústia enorme só de pensar no que ainda vai acontecer. Não costumo ser tão pessimista, mas o estrago que este vírus já causou é uma realidade irrefutável. 

Dualidade mental

Às vezes sinto-me perdida
como se estivesse
num barco à deriva
em maré alta.

Outras vezes
a esperança invade
os meus pensamentos
acabando com os tormentos
que eu própria criei.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Tempos incertos

Dizem que já há luz

no fundo do túnel.

Mas eu acho que ainda há

um longo caminho a percorrer.

O mundo já não é o que era.

Tudo o que resta são rostos cansados,

personagens por muito tempo confinados,

muito embora com vontade de vencer.

Mas a vida já não vai ser igual

e quem assim não pensa está enganado.

Não vai ser fácil voltar ao normal

pelo menos o normal que conhecemos.

As circunstâncias mudaram.

A nossa forma de estar mudou.

Muitos infelizmente se finaram

para tristeza de quem cá ficou.

Está na hora, sim, de nos levantarmos

mas à cautela, se possível à janela,

sabendo que a humanidade

ainda não acordou.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Conversa com um caracol em estado de confinamento

-Olá caracol
o que estás tu a fazer?
-Estou com os corninhos ao sol
para os aquecer.

-O que fazes tu fora de casa?-
-perguntei eu tão ingénua.
-O mesmo que tu mas eu estou em vantagem.

A minha casa é já aqui
levo-a para todo o lugar.
Acaso podes tu fazer essa viagem?

-É verdade caracol.
Não posso andar com a casa às costas.
E ainda bem. Já viste o peso que era?

A tua casa é pequena.
Leve como uma pena.
Parece uma casa de bonecas.

Espera aí!...eu estou mesmo a conversar com um caracol?
Ai que este confinamento está a dar-me cabo da mioleira!

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

A centopeia

Vi um animalejo às três da manhã.
Estava na parede da minha cozinha.
Assustei-me, mas não não me movi.
E fechei os olhos a ver se desaparecia.

Abri-os de novo e lá estava ela.
Uma lacraia de cem pernas.
Tentei ignorá-la mas não consegui.
Sem saber qual o perigo representado
ali mesmo permaneci.

Ela moveu-se de repente
e olhou-me de frente.
Decerto que a acordei.
A luz deve tê-la encadeado.

Num piscar de olhos desceu a parede,
aos trambolhões alcançou o chão
e foi esconder-se atrás de um garrafão
de água acondicionado.

Foi a minha vez de fugir.
Também eu a sete pés
corri e da cozinha desapareci
fechando a porta atrás de mim.

De volta à cama não pude deixar de pensar
no que aquela espécie de lagarta estaria a tramar.
Estranhamente consegui adormecer
e felizmente de manhã não a tornei a ver.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

A noite - stereossauro

Queridos leitores e amigos da Rainha, ando completamente viciada nesta música. Não sei por que motivo, mas o ritmo é fenomenal.

Boa Semana, que inicia já amanhã!

A primeira coisa que vou fazer

Não quero que me digam o que devo fazer.
Não quero ser um robô nas mãos de alguém.
Não quero ser mais uma lágrima de mar.
Não quero ser mais do que ninguém
Não quero que o medo me tolde a visão.
Não quero que me digam o que posso ou não.

Ainda tenho tanto para dizer.
Ainda tenho sonhos para concretizar.
Ainda tenho tantas pessoas para abraçar.
Ainda quero sair para ver o mar
e quando isso puder acontecer
é a primeira coisa que vou fazer.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

O tempo é uma linha

Nesta linha

encontramos amor,

mas também dor.

Vivemos a alegria

ou a desilusão

daquilo que é, ou que já foi.

E quanto àquilo que

ainda não aconteceu

antecipamos o seu apogeu.

Uma linha.

Assim vemos o tempo.

O passado, o presente

e o futuro no pensamento.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

The Good Place

Queridos leitores e amigos da Rainha, nestes tempos de maior ócio vale a pena encontrar formas de esquecer, mesmo que momentaneamente, a situação pela qual estamos a passar. 

Há uns dias comecei a ver uma série da Netflix cujo título é: " The Good Place", em Português: "O lugar bom". À primeira vista não parece ser nada de especial, mas à medida que vamos avançando nos episódios podemos ver uma história com imenso potencial.

The Good Place, remete-nos ao imaginário da vida após a morte, mas de uma forma leve e divertida, ao mesmo tempo que nos faz reflectir sobre a nossa própria vida. E já que a série tem mais de 50 episódios, há tempo para ver, rever e reflectir.

As insónias voltaram!

Queridos leitores e amigos da Rainha, esta noite as insónias resolveram voltar. Ontem não conseguia, de facto, dormir, por mais tentativas que fizesse. Eram quase três horas da manhã e ainda estava de olhos abertos. Decidi então levantar-me, beber um chá de cidreira quentinho e escrever um pouco. Podia ter vindo até ao blogue, mas por preguiça de ligar o computador, peguei antes num caderno e escrevi mesmo à mão. Foi a melhor forma de organizar os pensamentos. Acalmei, por fim. Às vezes, quando escrevemos o que nos aflige, conseguimos ver as coisas de outra maneira e arranjar soluções. 

Nono aniversário

Queridos leitores e amigos da Rainha, o blogue chegou finalmente ao seu nono aniversário. Foi há precisamente 9 anos que criei a Rainha das Insónias, para divulgar a minha escrita. 

Este ano, passei o dia em casa como muitos de vós. Aproveitei para ficar em silêncio fazendo uma retrospectiva de todo este tempo por cá. E só posso dizer que continua a valer a pena. 

Obrigada a todos por continuarem desse lado. 

Mais um dia

Hoje passei o dia distraída com as tarefas da casa. Limpei, arrumei e cozinhei. Tudo isto ao som da rádio Comercial, a minha rádio preferida. Às vezes também gosto de ouvir a RFM, mas é mais à noitinha. As músicas calmas ajudam-me a escrever. Já as mais alegres ajudam-me com as tarefas domésticas. A música é a minha melhor companhia por estes dias vazios de vozes e de pessoas. Preciso de ver gente, sinto falta de ir até ao jardim mais próximo e ficar a observar as pessoas que passam por mim, ou simplesmente contemplar a natureza enquanto ouço os passarinhos nas árvores! 

Façamos a nossa parte

O mundo ficou de pernas para o ar.

O caos instalou-se nas nossas vidas.

Já não podemos abraçar como antes

as nossas pessoas mais queridas.

E há quem não consiga despedir-se

de entes queridos que já não voltam.

Triste e cruel verdade que nos esmaga

quando a luz de alguém se apaga.

Mas mesmo no caos existe esperança.

Todos queremos que o pesadelo acabe.

Mas cada um de nós tem de fazer a sua parte.

Ficar em casa, manter-se à parte.

Que esta reclusão nos ensine

o que para nós é mais importante.

Que é melhor estar perto

do que estar distante.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Bolo de Cenoura

Queridos leitores e amigos, hoje para me animar fiz um bolo de cenoura que ficou divinal. Querem a receita? Então, aqui vai:

Ingredientes:

Uma chávena de farinha

Uma colher de chá de fermento

Duas cenouras raladas

Uma chávena de açúcar

3 ovos

Manteiga para untar a forma.

Preparação:

Bater os ovos com o açúcar.

Juntar as cenouras raladas.

Juntar a farinha e o fermento.

E misturar tudo muito bem.

Untar uma forma com manteiga.

Deitar a mistura na forma.

Levar ao forno a 200 graus por 30 minutos.

Simples, rápido e delicioso! :)

Estou cansada.

Estou cansada. Cansada de ouvir notícias, atrás de notícias, que nos tiram a esperança de dias melhores. Estou cansada. Cansada de ouvir pessoas completamente alheias à realidade a dizer que o que se está a passar no mundo inteiro não tem importância nenhuma porque elas, estejam de quarentena ou não, são saudáveis e não lhes vai acontecer nada. Estou cansada. Cansada de receber e-mails dizendo que estava previsto que a terra estava a preparar-se para uma transformação e somos nós os humanos, que estamos a estragar a terra. Em parte, concordo com isto, mas ando cansada. Estou cansada de ser bombardeada todos os dias com as mais diversas informações, estatísticas, notícias... enfim. Preciso de silêncio. Preciso de silêncio na minha alma. Anseio que tudo volte ao normal, embora saiba que o mundo não vai mais ser o mesmo. Tenho tantas questões na minha cabeça, tantas dúvidas no meu coração quanto ao futuro, quer seja o meu próprio, quer seja o futuro da humanidade. Nunca me senti tão perdida, nem mesmo nos passados momentos em que me senti perdida. Este é o meu desabafo de hoje. Mais alguém se sente assim?

Encruzilhada

Cruzas as mãos,

cruzas os dedos,

cruzas o destino

que te foi imposto.

Cruzas a alma,

cruzas o tempo,

cruzas do quarto para a sala,

cruzas da sala para a cozinha,

já não sabes o que fazer.

Estás numa encruzilhada

partilhada por centenas de pessoas.

E nesta solidão partilhada

escolhes nada dizer.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

O meu primeiro pão caseiro

Queridos leitores e amigos da Rainha, tal como vos prometi, hoje trago-vos uma receita de pão caseiro. Lembrei-me de fazer esta receita pela simplicidade com que qualquer pessoa consegue fazer e também porque é uma alternativa para que não tenha de sair de casa de propósito só para comprar pão. Espero que gostem e que experimentem fazer nas vossas casas. 

Ingredientes:

Uma chávena de Farinha de trigo 

Uma colher de chá de Fermento

Uma colher de chá de Sal 

Uma chávena de água 

Preparação:

Num recipiente coloca-se a farinha, depois o fermento e mistura-se bem. 

Acrescenta-se o sal e mistura-se novamente.

Enquanto se amassa com uma mão, com a outra adiciona-se a água a pouco e pouco até ficar uma massa homogénea.

Se for necessário, pode-se acrescentar mais água ou mais farinha. 

Para retirar a massa que fica agarrada às mãos, basta besuntá-las com um pouco de farinha. 

Depois, forma-se uma bola com a massa, cobre-se com um pano e deixa-se descansar por 1 hora.

Terminando o tempo de descanso, coloca-se a massa num tabuleiro previamente untado ( também pode ser com papel vegetal), e deixa-se descansar mais 20 minutos.

Enquanto a massa descansa uma última vez, liga-se o forno a 200 graus. 

Após esse tempo, faz-se um corte leve na massa ( na parte superior).

Borrifa-se ou salpica-se o pão com água e leva-se o tabuleiro ao forno por 40 minutos.

E está pronto o nosso pãozinho. :)

Estou muito orgulhosa deste pãozinho! :) Tem bom aspecto não tem?

Pão

Em tempos de contenção

decidi que vou fazer pão.

Como será que vai correr?

Só tenho uma forma de saber.

Vou colocar as mãos na massa

e esperar que ela fermente.

E depois, levo-a ao forno

que estará bem quente.

A receita aqui colocarei

ao dispor de toda a gente.

Em tempos de contenção

há que fazer cozinha de aproveitação.

E não se esqueçam de lavar as mãos

para que não haja contaminação.

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.

Bolo de feijão

Queridos leitores e amigos da Rainha, hoje fiz bolo de feijão. Isso mesmo, de feijão! Deu-me na telha pôr-me inventar na cozinha e saiu-me isto que podem ver na fotografia. 

Querem a receita? Então lá vai:

Ingredientes:

Uma chávena de feijão seco.

Uma chávena de açúcar

2 ovos 

Uma chávena de farinha

Uma colher de chá de fermento em pó.

Preparação:

Cozer o feijão com uma pitada de sal e guardar a calda.

Misturar bem o feijão, os ovos e o açúcar num liquidificador (de preferência)

Juntar a calda, a farinha e o fermento e mexer bem com a colher de pau.

Untar uma forma com manteiga ou azeite.

Verter o preparado na forma e levá-la ao forno por pelo menos 30 minutos entre 180 e 200 graus.

Experimentem e depois digam-me como é que ficou! :)