Também é da minha vizinha.
E daqueles que mal conheço.
Temos a vida do avesso.
É estranho, o isolamento social imposto.
Parece que estamos agarrados a um qualquer desgosto.
Já nem podemos ir de férias em Agosto
sem pedir permissão para estar na praia.
É estranho, parece pecado até
dar um abraço a quem se quer bem.
De longe dizemos olá aos amigos,
e até aos nossos ente queridos.
É estranho, as crianças
não poderem brincar.
E serem proibidos os afectos,
mesmo que sejam discretos.
É estranho os nossos idosos
tristes, cansados e ociosos
completamente sozinhos em casa
ou nos lares à espera da sua vez.
É estranho estar em público
com medo da própria sombra.
As máscaras escondem sorrisos
mas também os rostos do medo.
É estranho estar aprisionada em casa
quando antes era o meu porto de abrigo.
É estanho ter de olhar as pessoas pelo postigo
mesmo que à porta esteja um amigo.
São estranhos estes tempos.
Impossíveis de entranhar.
Pois nas minhas entranhas
só existe a vontade de acordar.
Jovita Capitão, Rainha das Insónias.
1 comentário:
Boa tarde:- Poeticamente deslumbrante
.
Um Sábado feliz
Cumprimentos
Enviar um comentário