Antes de se deitar a Rainha praguejava
gastando o solo do quarto à sua passagem
pois o sono que ela tanto almejava
teimava em não aparecer, andava pois na vadiagem.
Praguejava a Rainha de um lado para o outro
queixando-se da sua má sorte.
Por que deixara o sono assim tão solto?
Tão irritada estava que perdeu o norte.
Saiu da sua Torre disposta a encontra-lo
mas lá fora não o achou.
Já pensava em mandar enforca-lo
quando uma voz grossa a sobressaltou.
- Quem está aí? - Perguntou o Rei,
que atónito deu de caras com a Rainha.
Ela, o cabelo em desalinho tinha.
E com maus modos lhe respondeu:
-Pois se não sabeis quem eu sou, que direi?
-Que fazeis aqui na escada,
a estas horas acordada?
Podem andar lobos lá fora
Coveiros com a pá na mão.
Fantasmas corriqueiros
e bruxas de caldeirão.
Sabei que pode estar de emboscada
atrás daquela enseada, um matreiro ladrão
não tereis sequer pavor?
Ao que a Rainha respondeu abespinhada:
- São insónias, meu senhor!
Jovita Capitão, Rainha das Insónias.