Sobre os incêndios

A viver neste momento na zona norte do nosso País, passei uns dias de aperto por causa dos incêndios. É aflitivo ficar sem comunicações, não poder abrir as janelas por causa do fumo intenso e não fazer ideia daquilo que vai acontecer. A vida fica em standby e a incerteza é a única certeza que temos. Apesar da situação aflitiva não aconteceu o pior por cá e isso deixou-me mais tranquila, no entanto, isto fez-me questionar muitas coisas a respeito da vida. Lamento que em outros locais os incêndios ainda estejam ativos, mas espero que tudo isto passe depressa. A propósito, Agosto está a passar a correr. Não acham? 

A floresta está de luto

Num absoluto silêncio
em sinal de respeito
baixo a cabeça
ponho a mão no peito.
A floresta está de luto
a comunidade chora
e todos perguntam: e agora?

A toda a volta, a terra nua,
depilada a carvão sem piedade
sofreu tamanha calamidade.
Mas a verdade é nua e crua.
Fizeram-no por maldade.
Foi uma razia!
Queimaram tudo o que havia.
Agora só resta a saudade.

Num absoluto silêncio
em sinal de respeito
baixo a cabeça
ponho a mão no peito.
A floresta está de luto
a comunidade chora
e todos perguntam: e agora?

Agora é hora de levantar
já que não podemos ficar no chão.
É no meio das cinzas que se renasce
e que se descobre por que se nasce.
É hora de ter a coragem de mudar.
De mostrar a todos de que massa somos feitos.
Fazer justiça a uma Terra
que não só chora, como berra.
Por apagar esta memória
e reinventar a história.
Voltar a pôr a floresta como era!

Jovita Capitão, Rainha das Insónias.