O homem do chapéu preto caminhava a passo curto. Devagar se arrastava, na mão apenas ostentava o seu jornal. Este, antigo, amarelado devido ao passar dos anos, não trazia nem sequer uma novidade. As notícias eram as mesmas, as letras desbotadas que não proferiam nada de novo. O velho, sentou-se no primeiro banco de jardim que encontrou. Estava cansado, apesar da sua breve caminhada, ser de um banco para o outro. Abriu o seu exemplar "Diário de Notícias" de 1976 e fingiu ler. Por trás dos óculos, de rachadas lentes, percebia-se um lampejo de tristeza, que transparecia a toda a gente. Porém, nem se mexia. Atrás do velho jornal, fingia ler.
Do outro lado da rua, vivia a Dona Teresa. Ela tinha pena do velho. Também ela, doente e cansada passava os dias numa pasmaceira, fingindo estender a roupa. Ao lado da janela uma estranha macieira de tronco grosso, perfilava. Ela não fazia ideia do que fazia. Passava o dia assim, olhando a agitação da rua. A roupa, desbotada do sol, continuava no mesmo lugar desde 1976. Alfredo, como se chamava o nosso homem, e Teresa, a vizinha da frente, passavam os dias nesta monotonia. Ele num banco do jardim, ela à janela.
Qual será o desfecho desta história? Conseguem imaginar? Este é apenas um pequeno excerto daquilo que realmente escrevi. Num próximo post, continuo a mesma. Continuem desse lado!