Vi o nascer do dia. Não consegui dormir toda a noite. A história repete-se novamente. Insónias! Que mais poderia ser? Fico acordada à janela a ver a lua. E fico parada, pensativa, fascinada com a beleza da noite. Sinto-me cansada mas não arredo pé. Já tentei dormir, já tentei ler, já entulhei o estômago, já tomei chá... Nada. Não sou capaz de dormir. As ansiedades da vida e as preocupações não largam o meu cérebro assim que me deito. Assim, levanto-me para contemplar as estrelas. Lentamente vejo o nascer do dia. Os únicos ruídos provêm da chuva e do vento. Imagino como seria se a vida fosse apenas isto. Silêncio. Seria triste. Tão triste como o dia em questão. O silêncio é necessário, mas os sons são imprescindíveis para a nossa vivência sadia. Eu gosto do silêncio quando preciso de organizar as ideias, ou resolver uma situação mais complicada. Também utilizo o silêncio para escrever o que me vai na alma sem correr o risco de ser incomodada. Por vezes tento escrever nos transportes públicos. Impossível concentrar-me totalmente. É uma criança que chora, alguém que pede licença ou então os olhares curiosos das pessoas à minha volta. Impossível escrever com mil olhos postos em mim. Desisto e deixo-me levar, o resto da viagem. De repente, com tantos devaneios, acabo por me aperceber que já amanheceu completamente. Bocejo insistentemente! Começo a sentir o cansaço de uma noite inteira sem dormir. E agora? Agora vou dormir, senão logo não me aguento em pé.
Jovita Capitão, Rainha das Insónias.